O salto evolutivo passa pela cura dos espaços feridos em nossa vida

Ao fazer a palestra de encerramento do 10º Congresso Espírita do DF, a psicóloga, escritora e trabalhadora espírita Ana Teresa Camasmie abordou o tema “Reencontrando a Unidade com o Divino”. Ela deu início à reflexão abordando os ciclos da vida. Alguns estudos compreendem que eles acontecem de sete em sete anos, como a teoria dos septênios. O que marca o fim de um ciclo e o início de um novo são as crises, tema que ela abordou na palestra de abertura. “Vencemos uma etapa e queremos mais, porque somos empurrados pela lei do progresso”, afirmou. 

Os ciclos da vida são em espiral e nos dirigem para o encontro com Deus. Gravitamos para a unidade divina, conforme afirma o apóstolo Paulo. Diante das espirais dos ciclos de vida, Ana Teresa nos alertou de que podemos ficar transitando em círculos, num mesmo movimento, sem avançar. “Quanto tempo vivemos no ciúme, na culpa, na repetição de processos que não nos trazem crescimento? Isso retarda o progresso e aumenta o sofrimento”, questionou. Quase sempre não percebemos que estamos repetindo o mesmo fenômeno em nossa vida. Às vezes nos damos conta da repetição, mas ficamos na ambivalência, como se buscássemos a mudança, mas ainda impedidos de seguir em frente. 

Para isso, Camasmie orientou: quando estabelecemos um compromisso, não podemos fazer concessões. Ela deu o exemplo de quem quer deixar um vício e não consegue. A ambivalência traz “falas internas” que enfraquecem a força para a mudança. “Vamos ter que recusar o que nos dá prazer imediato se quisermos parar de rodar em círculos”, disse. É preciso também desapegar do que nos tira da rota escolhida. 

De tantas concessões que fazemos, finalmente escolhemos empreender as mudanças. Como na parábola do filho pródigo, é preciso que o mal chegue ao excesso para que façamos o bem. Segundo a palestrante, tanto o mal que fazemos a nós mesmos quanto o mal que nos fazem têm origem no sentimento de exclusão. Por isso, é preciso perguntar-se: esse mal que me fazem é pessoal ou não? Segundo Camasmie, na grande maioria das vezes, não é. Quando fazemos essa reflexão, podemos deixar o mal e não entrar no lugar de exclusão e rejeição, que são origem das obsessões. “Diante das agressões do mundo, não tomemos como pessoal para não revidarmos o mal com o mal”, enfatizou.

Portanto, é preciso sair da dicotomia do “ou”, que é a da exclusão, e entrarmos na era do “e”, que representa inclusão. Camasmie exortou a avaliarmos se estamos vivendo nessa lógica, de modo a deixarmos a ambivalência e as polaridades. “Nosso salto evolutivo passa por esse processo de cura dos espaços feridos em nossa vida”, concluiu.  

Para finalizar, ela narrou emocionada como foi sua participação em uma palestra na Mansão do Caminho e seu encontro com o médium Divaldo Franco, dos quais surgiu seu recém-lançado livro Mãe, que conta histórias de mães que sofrem por causa de seus filhos. E concluiu dizendo que o encontro com o divino acontece dentro de nós, de formas que nem imaginamos. 

Ana Cristina Sampaio Alves (Jornalista Espírita)