Camasmie: “O céu começa em nossa disposição de amar”


A psicóloga, escritora e palestrante Ana Tereza Camasmie abriu a noite de palestras do 10º Congresso Espírita do DF, nesta sexta, com o tema O céu começa em nós. Ela deu início à reflexão trazendo a frase do espírito Eusébio, no livro O Mundo Maior, psicografado por Chico Xavier: “Não basta crer na imortalidade da alma. O inadiável é a iluminação de si mesmo”. 

O amigo espiritual nos exorta a realizarmos mudanças em nossa vida e a nos tornarmos responsáveis pela construção do céu em nós, já que, na visão da Doutrina Espírita, céu e inferno não são lugares físicos, mas conscienciais. Nessa construção é que surgem as crises da existência, consideradas sintomas de crescimento da alma. Camasmie enfatizou as manifestações de cansaço, tédio e “um certo enjoo” de ser quem somos, as crises de autenticidade e de propósito de vida como formas de experimentarmos a expansão da consciência. 

A crise anuncia que a alma se expandiu, mas ainda não está expressa na vida. Nesse momento, podemos mergulhar nos medos, adoecimentos, sentimentos de escassez, como Maria de Magdala ao procurar Jesus. Porém, é necessário passar pela porta estreita, que significa renunciar aos chamados do ego e suas defesas, pois esse é o movimento de encolhimento da alma. “Vamos encolhendo para caber num trabalho, numa família, num relacionamento afetivo, vivemos em lugares apertados da alma e não nos expandimos. Maria de Magdala também se sentiu encolhida, mas Jesus a convidou a ser mãe dos leprosos”, observou Camasmie. No encolhimento, diante das adversidades da vida, fazemos uso da rebeldia e do desânimo, que são a porta de entrada dos adoecimentos mentais. 

A palestrante salientou que muitas vezes nos sentimos assim, em crise, pois já não combinamos com o mundo que construímos até então. No entanto, esse estado de desconforto é “a antessala da regeneração”. O grande movimento que precisamos fazer é tenso para almas imaturas: a aceitação da vida como ela é. “Preciso olhar para o que está acontecendo e concordar com aquilo, ao invés de desanimar. A gente idealiza muito a encarnação, só que não existe vida perfeita. Temos a ilusão de que podemos tudo, que é só uma questão de esforço. São crenças ingênuas a respeito da existência”, enfatizou. 

Para Camasmie, o inferno é o estado de rebeldia, é a maneira como experenciamos a vida. Mas Deus nos ajuda a nos regenerarmos por meio das expiações, de modo a continuarmos a marcha de crescimento. “O adoecimento significa céu sempre que estamos na rota da cura, quando resistimos às tentações de escorregar para o que nos degenera, para estados de alma tão sombrios”, informou. 

Para concluir, Camasmie citou novamente o espírito Eusébio, que formula o caminho para a conquista da luz interior: elevar o coração, tirar o véu da vaidade, derrubar as muralhas das defesas do nosso coração e abster-se do licor do personalismo. “Que possamos deixar tudo o que sobrecarrega nosso espírito. O céu começa na nossa disposição de amar”, finalizou.  


Ana Cristina Sampaio

Jornalista Espírita