A melodia da alma
Em palestra musical no Congresso Espírita do DF, Nando Cordel emociona ao contar sua trajetória de superação e fé através da música e da doutrina espírita

Na manhã do último domingo (20), o palco do 10º Congresso Espírita do Distrito Federal foi tomado por notas de emoção, serenidade e esperança. O cantor e compositor Nando Cordel, autor de clássicos da música brasileira, apresentou a palestra lítero-musical “A vida é uma escola” e emocionou o público ao compartilhar como a doutrina espírita transformou sua vida — e hoje transforma também sua arte.

Natural de Pernambuco, Nando Cordel é conhecido nacionalmente por sucessos gravados por grandes nomes da música brasileira, como “De volta pro Aconchego” (imortalizada por Elba Ramalho), “Flor de Lis”, “Você Endoideceu meu Coração”, além de canções que embalaram infâncias como “Uni Duni Tê” e “Dança das Cadeiras”, interpretadas por Xuxa. Também tem músicas gravadas por Chico Buarque, Fagner, Amelinha e outros expoentes da MPB. Mas, por trás da trajetória de sucesso, havia uma dor silenciosa.

“Mesmo sendo um artista reconhecido, havia algo em mim que doía, que não encontrava repouso. Foi na doutrina espírita que encontrei a paz que buscava há tanto tempo”, contou Nando ao público, em um relato sincero e profundo.

Da fama à fé

A experiência espiritual de Nando Cordel não o afastou da música — ao contrário, tornou-a ainda mais significativa. Em sua apresentação, ele intercalou histórias pessoais com canções tocantes, muitas delas inspiradas diretamente em O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, e em conceitos fundamentais do Espiritismo, como a imortalidade da alma, o autoconhecimento, o amor ao próximo e o perdão.

“Agora eu estou musicando os trechos de O Livro dos Espíritos. É meu jeito de compartilhar o conhecimento que me libertou — e, quem sabe, também possa aliviar a dor de quem escuta”, disse, com simplicidade, entre uma canção e outra.

Música como instrumento de cura

O artista revelou que seu reencontro com a espiritualidade o levou a compreender feridas antigas e ressignificar dores profundas. Hoje, sua obra é marcada por canções de paz, meditação e elevação, muitas delas já conhecidas e utilizadas em centros espíritas e grupos de evangelização em todo o país.

“Há dores que não se explicam com palavras. Mas quando você canta, a alma entende”, afirmou, ao dedilhar o violão e entoar versos de “Paz pela Paz” — uma de suas composições mais emblemáticas, que virou hino de movimentos pacifistas.

Um legado que continua

Aplaudido de pé ao final da apresentação, Nando Cordel deixou um convite silencioso no ar: o de transformar a dor em canção, e a canção em cura. “A vida é uma escola”, repetia o refrão — e naquela manhã, cada coração no auditório da Legião da Boa Vontade parecia ter aprendido um pouco mais sobre fé, arte e recomeço.


Ana Guimarães (Jornalista Espírita)